Todos os eventos foram cancelados no ano de 2020 devido ao contratempo da COVID-19, assim, as pessoas tiveram que ficar isoladas em casa. As festas e os encontros com amigos foram substituídos por lives, e esta mudança no comportamento refletiu diretamente na retração da venda de espumantes naquele período, enquanto o vinho fino acelerou, sendo o melhor companheiro durante a pandemia.
Este ano, de janeiro a setembro, percebe-se que o retorno dos eventos e a aceleração da imunização já têm forte impacto na comercialização dos espumantes. Os moscatéis lideram o crescimento com 58,26% se comparado aos nove meses do ano passado e 100,79% no mesmo intervalo de 2019. Apesar de um percentual menor, os espumantes brut também registram resultado positivo com alta de 53,08% em relação ao ano anterior e 38,92% frente a 2019. Estes são os dados oficiais da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), com base no Sistema de Cadastro Vinícola da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul e do Ministério da Agricultura.
“O espumante é uma bebida festiva, comemorativa, ideal para brindar e 2020 foi um ano muito triste e difícil em razão da pandemia do Coronavírus. Agora, estamos cheios de esperança, acompanhando uma retomada mais segura. As pessoas querem brindar a vida, o reencontro, as amizades. Assim, as borbulhas voltam a ganhar destaque e o vinho vem mantendo sua performance. Esperamos que esta atuação persista e que os brasileiros continuem descobrindo a produção local”, destaca o presidente da Uvibra, Deunir Luis Argenta.
Com perspectivas de alcançar o desempenho de venda de todo 2019, com 22,4 milhões de litros de espumantes, a Uvibra está otimista diante da aceleração. A entidade acredita que os 15,6 milhões de litros já vendidos este ano possam chegar ao volume desejado até o final de dezembro. “Se alcançarmos 2019 estaremos felizes. Até aqui estamos superando, mas é daqui para frente que precisamos confirmar as vendas”, garante Argenta.
A Vinícola Salton, maior produtora de espumantes brasileiros, registra nos nove meses deste ano um acréscimo de 20% na receita, puxado pelos espumantes. No período, a marca vendeu 1,65 mi de garrafas a mais que em 2020. “Enxergamos um crescimento exponencial dos espumantes, esperando superar o horizonte de 35% até o final deste ano”, projeta o diretor-presidente, Maurício Salton. Para a Salton, os espumantes representam 45% do negócio.
A Cooperativa Vinícola Garibaldi, que em 2020 registrou crescimento na comercialização de vinhos (20%), frisantes (145%) e espumantes (9%), além de um aumento de 12% no faturamento, prevê encerrar 2021 com um incremento de 30% na venda de espumantes, uma projeção positiva, apoiada nos bons resultados do primeiro semestre do ano. O último trimestre – outubro a dezembro – é um dos mais férteis para a Garibaldi, que espera alcançar 35% do seu faturamento anual neste período, chegando a R$ 220 mi, 17% a mais que no ano passado.
Vinho segue em alta
Mesmo em crescimento, a venda de vinhos finos está mais acanhada. O aumento de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado é de 9,71%. Já, em comparação a 2019 este percentual sobe para 80,44%, o que demonstra que desde o início da pandemia o vinho brasileiro vem ganhando seu espaço no mercado interno. O crescimento somente não tem sido maior em razão de problemas com a falta de insumos, especialmente garrafas, que tem atingido, também, o suco de uva.