Há cerca de vinte anos, alguns produtores se aventuraram no cultivo de uvas para vinhos finos na região dos Campos de Cima da Serra. Aos poucos a cultura foi ganhando espaço e os vinhos se qualificando. Agora, a Associação dos Vitivinicultores dos Campos de Cima da Serra (AVICCS) buscou o apoio da Embrapa Uva e Vinho para conquistar um novo patamar na produção vitivinícola na região: a construção de uma nova Indicação Geográfica de vinhos.
O primeiro passo nessa direção foi dado com a realização do Workshop AVICCS, na tarde do dia 10 de novembro, que reuniu representantes dos seis produtores de uvas e vinhos região, representantes da Embrapa Uva e Vinho e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves, que apoiam tecnicamente o processo.
“Estabelecer uma nova Indicação Geográfica fora da região tradicional é sempre um desafio, mas a existência de um grupo de produtores organizados associado ao potencial da região é um desafio perfeitamente tangível”, destacou Marcos Botton, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, na abertura do evento. Esta será a 11ª Indicação Geográfica de vinhos que conta com o suporte da Empresa de pesquisa na sua estruturação.
Para o presidente da AVICCS, André Donatti, além do encontro com toda a equipe, as apresentações realizadas visando o nivelamento conceitual e as fases para a conquista pelos pesquisadores Jorge Tonietto, da Embrapa, e Shana Flores, do IFRS, foram importantes para esse começo de trabalho. “Essa etapa foi fundamental para essa nossa caminhada. Temos certeza de que a Indicação Geográfica irá auxiliar não somente o setor vitivinícola, mas a região como um todo”, avaliou.
Na avaliação de Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa e uma das principais autoridades no tema, a região já possui os elementos necessários para pleitear o reconhecimento, mas que precisam ser estudados e organizados para apresentar a solicitação ao Instituto Nacional de Proteção Industrial (INPI). “A realização deste evento foi fundamental para formalizar o interesse e nivelar com os produtores conceitos importantes e os próximos passos”, destacou.
A iniciativa também já ganhou o apoio do IFRS. Luciana Bernd, Diretora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do Instituto esteve presente no encontro e colocou a estrutura na instituição à disposição, via projetos de extensão, ensino e pesquisa.
O encontro aconteceu na tarde do dia 10 de novembro na Vinícola Campestre da Serra, em Vacaria (RS). Como próximos passos, a Embrapa irá formalizar um projeto de pesquisa visando formalizar uma parceria para o desenvolvimento do trabalho para aprovação da Associação. Com base nessa proposta, outros agentes de desenvolvimento do setor vitícola, público e privados irão agregar esforços para apoiar a proposta, como a Uvibra-Consevitis-RS.
Conhecendo a vitivinicultura dos Campos de Cima da Serra
Já estão em produção mais de cem hectares de uvas viníferas com uma produção anual de uvas ao redor de mil toneladas, com mais de 500 mil litros de vinhos que levam o nome da região, divididos entre brancos, rosés e tintos. Também são elaborados espumantes naturais, pelo método Tradicional e pelo método Charmat. Parte da produção é vinificada na região e parte processada na vizinha região da Serra Gaúcha. Tem destaque a produção das cultivares Merlot (30,6%), Pinot Noir (22,3%) e Chardonnay (13,7%), que são produzidas em vinhedos conduzidos em espaldeiras, por todos os produtores.
A Associação dos Vitivinicultores dos Campos de Cima da Serra – AVICCS, foi lançada em julho de 2017, com o objetivo de fortalecer a vitivinicultura nos Campos de Cima da Serra e proporcionar novas oportunidades para o setor na região. É formada por seis produtores de uvas e vinhos estabelecidos na região: RAR, Sopra, Sozo, Aracuri, Vinícola Campestre e Família Lemos de Almeida Vinhas e Vinhos.
A região vitivinícola está presente em diversos municípios incluindo Campestre da Serra, Monte Alegre dos Campos, Muitos Capões e Vacaria.
Mais informações no site: www.embrapa.br/fale-conosco/sac/